06 - Se suas metas não funcionam, o problema é seu método.
O processo de definição de metas que mudou a minha vida.
01 de dezembro de 2024.
Para muitos, é apenas uma data que assusta por nos lembrar como o ano passou rápido. Na verdade, como a vida está passando rápido. Para outros, é o momento socialmente aceito de dizer: “Agora só ano que vem. Para 2024 não dá mais tempo” — seja para entregar um trabalho, marcar um programa ou começar a dieta.
Para mim, é o dia que dá início ao meu longo processo de definição das metas do ano seguinte. Metódica como sou, gosto de chegar ao dia 31 com clareza do que quero pedir à meia-noite. Não gosto nem de pensar na hipótese de perder a oportunidade de fazer os pedidos certos. Apesar de parecer uma pessoa tradicional do mercado financeiro, 100% racional e movida a números, sou também uma jovem mística — mas essa parte fica para outro texto. Voltando ao que interessa:
Me orgulho do meu processo de definição de metas porque, do fundo do meu coração, acredito que ele mudou a minha vida. Já tem mais de 10 anos que sigo o mesmo passo a passo, e não tem como negar o tanto de evolução que tive nesse período. Todo ano, mando áudios para algumas amigas que me pedem ajuda ensinando meu passo a passo. Desta vez, decidi escrever aqui, neste espaço em que abro meu coração e minha mente.
Para começarmos na mesma página, é importante você sabe que eu acredito que: se suas metas não funcionam, o problema é seu método.
Se você já tentou fazer resoluções de ano novo e acabou esquecendo delas antes mesmo do carnaval, saiba que isso não é um fracasso pessoal — é um problema de método. Definir metas que realmente funcionem vai além de listar desejos ou sonhos; exige estratégia, clareza e conexão com os seus valores.
Nessa época do ano, gosto de andar com um caderninho na bolsa, cheio de listas e ideias do que quero. Meu processo, lapidado ao longo dos anos, funciona porque vai além da superficialidade. Demanda tempo e reflexão. Passo o mês inteiro ouvindo podcasts, fazendo pesquisas e planejando. Seja para quem acredita no poder da manifestação ou apenas quer um plano bem-feito, o segredo, na minha visão, está em detalhar ao máximo o que você deseja e compreender profundamente onde você está hoje.
Recentemente, assisti a um reels com uma cena do filme Soul, da Pixar, que sempre me emociona. Uma personagem está dando um conselho e conta uma metáfora em que dois peixes estavam conversando, e um peixe jovem diz: “Estou procurando o oceano.” O peixe mais velho responde: “O oceano? Você está nele.” Confuso, o jovem insiste: “Isto? Isto é água. Eu quero o oceano.”
Essa cena resume algo essencial sobre metas: o perigo de focar tanto no futuro que negligenciamos o presente. Por isso, no meu processo, busco garantir que não vou “procurar o oceano” quando ele já está à minha volta.
Vamos a prática. São 6 etapas. Eu perco quase dezembro inteiro nos 2 primeiros, e deixo para focar no 3, 4 e 5 em janeiro. A etapa 6 dura o ano inteiro.
Passo 1: Comece com um inventário
Antes de olhar para frente, olhe para trás. Como disse James Clear: “O progresso vem de revisar seu desempenho com regularidade.” Separe um tempo para analisar:
O que deu certo? Quais conquistas marcaram o ano? Por que funcionaram?
O que deu errado? Quais metas ficaram pelo caminho? O que impediu o progresso?
O que poderia ter sido feito de forma diferente?
Esse balanço não é para julgar, mas para compreender. Ele traz clareza sobre padrões a repetir ou evitar em 2025.
Passo 2: Conecte metas aos seus valores
Segundo uma pesquisa de Yale, metas conectadas aos nossos valores pessoais têm mais chance de serem cumpridas. Por exemplo, se você valoriza liberdade financeira, uma meta como “aumentar em X% minha renda” não é apenas uma obrigação — é uma extensão do que é importante para você.
Gosto de listar áreas-chave da minha vida — profissional, bem-estar, relacionamentos, financeiro, desenvolvimento pessoal — e criar metas para cada uma. Geralmente defino três prioridades por área. Esse é o ponto em que gasto mais tempo, garantindo que tudo esteja alinhado com meus valores.
Passo 3: Use o método SMART, com um toque de realidade
Você provavelmente já ouviu falar do método SMART: metas específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e com prazo definido. Embora eficiente, ele precisa de algo mais: o que chamo de “análise do cenário”. Considere tempo, energia e recursos disponíveis para avaliar a viabilidade das metas.
Por exemplo, eu adoraria incluir “voltar à ginástica olímpica 5x por semana”. Mas, realisticamente, nem minha coluna nem minha agenda permitem isso. Essa etapa é importante porque se você falhar, tem grandes chances de se frustrar com o resultado no final do ano.
Passo 4: Quebre as metas em microetapas
A neurociência confirma: dividir grandes metas em pequenas ações libera dopamina, incentivando o progresso. Para cada meta, defina:
Marcos trimestrais: O que você quer atingir até o fim de cada trimestre?
Ações semanais: Quais passos específicos você pode dar em uma semana?
Por exemplo, se sua meta é “escrever um livro em 2025”, divida-a em etapas como: criar o enredo no primeiro trimestre, completar 30% do rascunho até junho, e assim por diante.
Passo 5: Antecipe riscos e crie soluções
Pesquisas de Stanford mostram que antecipar barreiras aumenta as chances de sucesso. Identifique desafios e planeje soluções. Para a meta do livro, por exemplo, o risco pode ser falta de tempo. A solução seria já antecipar e bloquear duas horas semanais exclusivamente para escrita.
Passo 6: Monitore e ajuste
Metas não são imutáveis. Adote revisões trimestrais para avaliar o progresso e ajustar o planejamento, se necessário. Isso evita o sentimento de fracasso e traz flexibilidade. Esse passo eu considero um dos mais importantes. Se você definir metas em 2024 e voltar para rever em dezembro de 2025, tem grandes chances de você nem querer mais as mesmas coisas.
Eu sei, levo minha definição de metas muito a sério. Mas faça um favor a si mesmo: dê uma chance de, por um ano, seguir este passo a passo. Eu garanto que, no próximo, você vai querer repetir.
Definir metas é um ato de coragem. É dizer ao mundo (e a si mesmo) que você acredita no futuro e na própria capacidade de construí-lo. Como disse Tony Robbins: “A definição de metas é o primeiro passo para transformar o invisível em visível.”
Boa sorte, e espero que você aproveite o processo. Para mim, é sempre um momento bem especial.
Beijos, até a próxima.

