05 - Genial é quem faz o básico bem feito
Você não precisa ser o próximo Elon Musk para ter sucesso.
Você já se pegou insatisfeito com algo na vida, esperando pela “ideia” genial que mudaria tudo?
E aqui nem estou falando só da vida profissional. É sobre momentos em que algo incomoda, mas não sabemos por onde começar. A rotina de exercícios que nunca se inicia porque falta o tênis ideal. O projeto criativo que não sai do papel porque precisa ser perfeito desde o início. Ou aquela mudança na alimentação que sempre é adiada até a “dieta perfeita” aparecer.
Não vou negar, já estive nesse lugar algumas vezes.
Recentemente, tive um reencontro que me fez repensar como encaro essas situações. Encontrei uma ex-chefe em um evento.
Ela é, sem dúvida, uma das pessoas que mais admiro e que mais impactaram minha carreira. Trabalhei com ela ainda muito jovem, no meu primeiro emprego, quando eu mal entendia o que estava fazendo.
Conversa vai, conversa vem, ela me disse: “Tenho te acompanhado no Instagram e fico muito feliz com o seu sucesso. Sempre soube que você daria certo.”
Sem pensar muito, respondi: “Sério, por quê?”
Sei que não foi a melhor forma de receber um elogio, mas, na minha cabeça, eu não tinha sido nada especial quando trabalhamos juntas. Então, a pergunta escapou antes que eu pudesse filtrar.
Ela respondeu: “Você sempre soube falar bem, era dedicada e séria nas tarefas e incrivelmente pontual com os horários das reuniões e entregas.”
Agradeci, e o assunto mudou, mas aquelas palavras ficaram na minha cabeça. Os pontos que ela destacou não eram exatamente habilidades raras ou extraordinárias. Na verdade, parecia apenas o básico que qualquer profissional deveria fazer bem: levar o trabalho a sério e respeitar os prazos e compromissos. Mas, de alguma forma, o básico bem-feito foi suficiente para que ela enxergasse em mim alguém com potencial.
Ainda, pensei, de onde ela tirou que eu “dei certo” olhando meu Instagram?
Eu trabalho com investimentos, e quase nunca posto sobre resultados concretos nas redes sociais – afinal, não compartilho informações sobre captação de clientes, novos negócios para a empresa ou a performance de carteiras dos meus clientes. Como blogueira, eu sou uma ótima assessora de investimentos, rs. Então, sem nenhuma evidência do sucesso no meu trabalho, de onde ela tirou que eu dei certo?
A única coisa que eu mostro no Instagram é constância. Estou lá todos os dias, estudando, me dedicando e mantendo uma rotina disciplinada, com uma dedicação acima da média. Talvez seja isso. Ela viu que eu faço o básico, com seriedade, e talvez isso já seja suficiente para criar essa imagem de sucesso.
Esse episódio me fez refletir.
Se olharmos com carinho, no fundo, não é verdade que é o básico que realmente importa?
Olhando de perto os cases de sucesso que gosto de acompanhar, vejo cada vez mais que a busca pela ideia “revolucionária” pode ser uma forma de procrastinação e que o verdadeiro resultado vem da disciplina e do comprometimento com o simples.
É só olharmos os exemplos do esporte, que são grandes inspirações que podemos tentar replicar nas nossas vidas. Michael Phelps, o nadador mais premiado da história, dedicava horas para treinar fundamentos básicos como postura e respiração – algo que qualquer iniciante também pratica. O que o diferenciava? A consistência. Ele fazia isso sempre, enquanto outros buscavam atalhos. Como Phelps mesmo dizia: "Não é o talento que me diferencia, mas minha consistência em fazer o que precisa ser feito, mesmo quando ninguém está olhando."
Michael Jordan também dedicava horas não apenas ao treinamento avançado, mas a fundamentos básicos como lançamentos e dribles. Jordan dizia: "Você pode praticar arremessos de três pontos, mas, se errar nos fundamentos, você nunca será consistente."
Vivemos em uma cultura que idolatra grandes inovações. Elon Musk, Steve Jobs, Bill Gates – ícones que pareciam ter ideias tão brilhantes que redefiniram suas áreas. O que poucas vezes percebemos é que a genialidade deles não estava só na inovação, mas na execução. Jobs, por exemplo, não inventou o smartphone. Ele apenas fez o que ninguém fazia: transformou um conceito básico em algo funcional, belo e fácil de usar.
Um estudo da Universidade de Columbia reforça isso: as empresas mais bem-sucedidas não são necessariamente as mais inovadoras, mas sim as que oferecem consistência e excelência no básico. Atendimento, qualidade e atenção aos detalhes ainda superam ideias revolucionárias quando o cliente escolhe onde investir tempo e dinheiro.
O estudo também mostrou que empresas que se concentram em uma “disciplina” específica – seja excelência operacional, inovação de produto ou proximidade com o cliente – têm o dobro de chance de liderar mercados do que aquelas que tentam fazer de tudo. A chave está em escolher o básico certo e dominá-lo.
Você não precisa ser o próximo Elon Musk para ter grandes chances do sucesso (algo que, sejamos sinceros, não vai acontecer para 99.999% das pessoas mesmo). Mas, o ponto positivo é que, na verdade, você nem precisa inventar a roda. Veja também o caso da Starbucks. Não inventaram o café, apenas entregaram um serviço básico de forma impecável, e se tornaram uma grande potencia mundial.
A verdade é que o básico nem sempre é óbvio. É comum negligenciarmos coisas simples, como responder e-mails no prazo, oferecer um bom atendimento ou cumprir promessas. Esses são pilares básicos que, quando feitos com excelência, se tornam diferenciais.
O segredo está aqui: enquanto todos tentam inovar, reinventar ou buscar o extraordinário, quem se dedica ao básico já está à frente. A pesquisa “The Power of Habit”, de Charles Duhigg, explica isso em um contexto comportamental. Ele destaca que rotinas simples e consistentes – como foco em pequenos hábitos – geram resultados exponenciais ao longo do tempo, justamente porque a maioria das pessoas as negligencia.
Então, que tal repensar sua busca pelo extraordinário? Pense nas áreas em que você atua. Existe algo que é tão simples que todos ignoram? Talvez a grande ideia não seja o que vai transformar sua vida. Talvez o que falta é fazer o arroz com feijão tão bem que, sozinho, ele já se torna genial.
Beijos, até a próxima.